PERSPETIVA SOBRE ACESSIBILIDADES

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A cidade de Guimarães tem um património histórico infindável, que faz desta cidade uma das mais bonitas de Portugal. Culturalmente muito rica por toda a sua história e pela sua beleza natural. 

 

Sendo toda ela tão recheada de história, de património, de beleza, terá sem dúvida alguns senãos para quem se desloca em cadeira de rodas. Não é uma cidade plana, tem ruas com grande inclinação e com alguns lugares inacessíveis. É uma cidade muito antiga, logo existem obstáculos que não serão contornáveis ao nível da arquitetura. 

 

Vivo há 37 anos em Guimarães e 25 deles foram passados a andar a pé. Nunca me dei conta da falta de acessibilidades, porque por desconhecimento puro não necessitava delas. Agora que me desloco em cadeira de rodas, a necessidade de deambular pela cidade faz-me ver que muito há para fazer. A Capital Europeia da Cultura veio trazer um novo alento a Guimarães, tornando a cidade bastante mais acessível. O centro da cidade, denominado como “Toural”, sofreu grandes remodelações ao nível das acessibilidades. Tornou-se totalmente acessível, com rampas suaves e todo o centro transitável em cadeira de rodas. Com amplos espaços planos para deambular e desfrutar do centro da cidade. 

 

No centro histórico, o nosso “Património Mundial da Unesco”, sofreu algumas remodelações, com algumas rampas mais suaves, mas mais inacessível, devido ao seu pavimento histórico, a “calçada à portuguesa”, incómoda para quem se desloca em cadeira de rodas. Mas com companhia encontrará bastante diversão (bares, cafés, restaurantes). Gosto bastante deste lugar. A Igreja de Nossa Senhora da Oliveira situa-se no coração do centro histórico. É um monumento magnífico, mas pouco acessível. O lanço de escadas inicial, faz dele um monumento inacessível. Um local de eleição é o S. Mamede. Totalmente acessível, com elevador para cadeira de rodas, casa de banho adaptada, com café, bar e com muitos eventos a nível cultural. 

 

O centro da cidade melhorou bastante com a chegada da Capital Europeia da Cultura. É óbvio que como em todas as cidades, ainda muito há a fazer, mas de uma certa forma Guimarães evoluiu imenso para se tornar mais acessível. 

 

Uma pessoa com mobilidade reduzida que venha para Guimarães de comboio, vai encontrar uma estação de comboios acessível. A dificuldade é o meio de transporte para se deslocar pela cidade. Existem alguns autocarros adaptados, mas os passeios na periferia da cidade, ainda são bastante elevados para uma cadeira de rodas. Quem escolher a alternativa de se deslocar de táxi, encontrará outra contrariedade. Não existem táxis adaptados.

 

Em termos hoteleiros, existem algumas soluções bastante boas e com boa acessibilidade. Sendo eles, o hotel Guimarães, o hotel Fundador e o hotel Ibis. Com rampas de acesso e quartos adaptados.

 

Um local a visitar e totalmente adaptado é o Centro Cultural Vila Flôr. Um lugar muito agradável, com cybercafé, cinema, espaço de internet, espetáculos musicais e muita oferta cultural.

 

Como é lógico, Guimarães em termos de periferia ainda carece de muita adaptação e de muita consciência urbanística para melhorar as acessibilidades. Tudo tem um começo e penso que estamos no bom caminho, mas a anos largos de uma vida totalmente independente para quem se desloca em cadeira de rodas em Guimarães. 

Em termos de monumentos históricos, já existe a consciência de adaptações para pessoas com mobilidade reduzida, mas muitos deles ainda são inacessíveis.

 

Tenho pura consciência de que Guimarães melhorou imenso, mas ainda existem lacunas e muitas delas reversíveis e nós, população com mobilidade reduzida, temos que ir dando o nosso contributo nesta matéria e fazer ver todas estas dificuldades aos autarcas. Mas Guimarães sem dúvida merece ser visitado, tem sítios muito agradáveis e com companhia e alguma boa disposição é possível disfrutar da cidade. Divirtam-se… Todos os olhos a nível internacional estão postos na cidade de Guimarães.