A minha reabilitação
No inicio quando tive o acidente a minha fisioterapia era feita deitada, bastante debilitada e com dores.
O terapeuta fazia-me mobilização nas pernas e aos poucos fui fazendo musculação para fortalecer a parte superior do tronco.
Os braços passariam a ser as minhas pernas e tinham que ser fortes, musculados para aguentar o peso do corpo.
Foi assim que iniciei a minha reabilitação física, debilitada sem força e frágil. Com o passar do tempo fui melhorando, aguentando toda a pressão psicológica e acreditando sempre que algo me iria surpreender.
A vida, o destino, a minha força, ou talvez a determinação de querer algo mais do que passar o resto dos meus dias sentada a olhar para o infinito, sentido-me a pior das criaturas.
Optei por não desistir, seguir o meu caminho de cabeça erguida e surpreender-me a mim mesma e à minha capacidade de superação pessoal e física.
Não posso dizer que venci todos os desafios, porque muitos deles ainda estão no início, ou talvez ainda não tenham começado.
A vida é longa, a recuperação também e o caminho a percorrer ainda está no início.
O dia em que consegui ficar em pé...
A sensação mais emocionante da minha vida...
Por breves momentos nasci de novo...
Dar o primeiro passo mesmo com ortoteses foi a sensação mais estranha e desajeitada, mas a mais feliz.
O mais parecido com um robô. Nunca me esqueci da expressão que usei:
“Pareço um robocop”!!!!!!!!!!!!! Espanto.
Tremia toda, com pouca força muscular e sei que não aguentei mais do que cinco minutos.
Fiquei tonta, já não estava habituada.
Foi muito estranho, sentia-me tão alta, que a cabeça rodava e senti um friozinho no estômago de medo e felicidade.
A vida tem destas coisas difíceis, mas que uma coisa tão simples como estar de pé me fez tão feliz.
Um breve momento que marcou a minha vida e me fez acreditar que tudo tem um porquê.
Não soube identificar o porquê no momento…
Hoje posso dizer que cada desafio é uma conquista e que cada momento é uma luta diária para atingir um sonho…
O de incentivar quem passa pela mesma experiência que eu...
A vida não acaba.
Apenas começa de uma forma diferente….
O ser humano é adaptável a qualquer realidade, desde que a aceite com vontade…
Desistir nunca é a solução, apenas a negação inicial de uma longa caminhada.
Cada pequeno momento partilhado e vivido é uma grande vitória…
Afinal temos uma segunda oportunidade de viver…
Mais um momento de alegria imensa voltar a nadar e fazer bicicleta manual, mesmo sem conseguir andar…
Não tenho palavras que descrevam estas sensações…
Apenas respiro fundo e sinto uma alegria imensa, afinal consegui concretizar mais um sonho…
Manter-me activa fisicamente e psicológicamente…
Faz-me bem há alma…
Momento de relaxe na fisioterapia.
Sonhar é vencer a cada dia...
Quando uma porta da vida se fecha abrem-se outras por vezes surpreendentes.
Acreditar é viver...
...
Através do desporto ao qual eu sempre fui apaixonada, aliei a minha "força de vontade"...
Cada ida há fisioterapia é como ir a um “ginásio”.
Encarei sempre como parte desportiva e não como uma coisa enfadonha que quase nos obrigam a fazer todos os dias por sacrifício e obrigação.
O encarar o "corpo" como parte importante de nós mesmos é necessário, até por questões de saúde e auto-estima.
Faz-nos sentir mais leves e desenvoltos, quer a nível físico e psicológico.
Liberta a energia negativa e faz com que o corpo se mantenha em forma para novas descobertas na área da Medicina, Tecnologia e Ciência.
É a parte mais importante de uma boa reabilitação física e psicológica.
Ajuda a estimular os músculos, a circulação sanguínea e a prevenir as tão indesejadas escaras (úlceras de pressão).
Nunca desistam desta vertente de vocês mesmos.
Abandonar a fisioterapia não é solução.
É apenas uma forma de fugir há realidade que se apresenta à nossa volta.
Por mais dura que ela seja, temos que nos consciencializar que fará parte da nossa vida até o último dos nossos dias, além de nos ajudar a ter maior “qualidade de vida”.
Acreditem que vale sempre a pena o esforço.
Tentei sempre contrariar a minha falta de estímulo por vezes, com esse pensamento.
Estou a fazer desporto e reabilitação ao mesmo tempo.
Não apenas uma coisa "chata" que me impuseram e me tentam sacrificar todos os dias.
Pensei sempre que fazia parte da minha "nova realidade".
A "fisioterapia", palavra que antes de ter o acidente desconhecia por completo, faria parte do meu quotidiano para sempre...
Sara Coutinho
PROJETO sobre:
-
HISTÓRIA VIDA
-
REABILITAÇÃO
-
INCLUSÃO SOCIAL
História do Projeto
Nasce de um sonho... Acaba numa vontade.